Este cenário apresenta particularidades e desafios únicos tanto para os profissionais quanto para os pacientes que buscam atendimento psicológico para brasileiros no exterior, exigindo uma compreensão aprofundada das dimensões culturais, sociais e emocionais envolvidas no processo migratório.
A experiência de viver em outro país frequentemente desencadeia uma série de processos psicológicos complexos que precisam ser adequadamente compreendidos e abordados na psicoterapia. O desenraizamento cultural, a distância da família e amigos, e a necessidade de adaptação a um novo contexto social podem precipitar questões emocionais significativas, mesmo em pessoas que anteriormente não apresentavam demandas psicológicas evidentes.
Um dos aspectos mais relevantes no atendimento psicológico a brasileiros expatriados é a questão da identidade cultural. O terapeuta precisa estar atento ao processo de aculturação vivenciado pelo paciente, que frequentemente oscila entre a preservação de suas raízes brasileiras e a necessidade de integração à nova cultura. Este processo pode gerar conflitos internos significativos, especialmente quando valores culturais divergentes entram em choque.
A barreira linguística representa outro desafio significativo, mesmo quando o atendimento é realizado em português. Muitos pacientes, ao viverem cotidianamente em outro idioma, podem experimentar dificuldades em expressar certas emoções ou experiências em sua língua materna, fenômeno conhecido como “atrito linguístico”. O terapeuta deve estar preparado para auxiliar o paciente a navegar entre os diferentes registros linguísticos e culturais que agora fazem parte de sua realidade.
O luto migratório é um tema recorrente que merece atenção especial. Este processo não se refere apenas à saudade de pessoas queridas, mas engloba também a perda de referências culturais, hábitos, lugares familiares e até mesmo da própria identidade anterior. O terapeuta precisa auxiliar o paciente a elaborar estas perdas enquanto constrói novos significados e referências em seu novo contexto de vida.
As questões práticas da vida no exterior também impactam significativamente a saúde mental dos expatriados. Dificuldades com documentação, reconhecimento profissional, acesso a serviços básicos e estabelecimento de novas redes de apoio são estressores comuns que precisam ser considerados no processo terapêutico. O profissional deve estar familiarizado com estas questões para oferecer um suporte mais efetivo.
A tecnologia tem possibilitado o atendimento online, permitindo que brasileiros no exterior mantenham acompanhamento psicológico com profissionais no Brasil ou em outros países. Esta modalidade apresenta vantagens, como a continuidade do cuidado em português e a familiaridade cultural, mas também traz desafios específicos relacionados ao setting terapêutico virtual e às questões legais e éticas do atendimento internacional.
O terapeuta que atende esta população precisa desenvolver uma competência cultural específica, que vai além do conhecimento teórico sobre migração. É necessário compreender as nuances culturais do país de origem e do país de destino, as dinâmicas de poder envolvidas nas relações interculturais e os diferentes modelos de adaptação cultural que os indivíduos podem adotar.
A construção de um novo sentido de pertencimento é um objetivo terapêutico fundamental. Isso envolve auxiliar o paciente a integrar suas diferentes experiências culturais, desenvolver estratégias de adaptação saudáveis e encontrar um equilíbrio entre a preservação de sua identidade brasileira e a abertura para novas influências culturais.
O atendimento também deve considerar as diferentes fases do processo migratório. A fase inicial de adaptação, marcada pelo entusiasmo e idealização, pode ser seguida por períodos de frustração e choque cultural. O terapeuta precisa estar preparado para acompanhar estas oscilações e oferecer suporte apropriado em cada momento.
Para os profissionais que atendem esta população, é importante manter-se atualizado sobre as questões sociais, políticas e econômicas tanto do Brasil quanto dos países onde seus pacientes residem. Este conhecimento contextual enriquece a compreensão das experiências relatadas e permite intervenções mais precisas e relevantes.
A supervisão profissional e a troca de experiências com outros terapeutas que atendem expatriados são fundamentais para o desenvolvimento de melhores práticas neste campo. A complexidade das questões envolvidas exige um constante aprimoramento técnico e pessoal do profissional.
Por fim, é essencial reconhecer que o processo terapêutico com brasileiros no exterior pode ser uma oportunidade única de crescimento tanto para o paciente quanto para o terapeuta. A riqueza das experiências interculturais, quando bem elaboradas no setting terapêutico, pode levar a um desenvolvimento pessoal significativo e a uma maior capacidade de adaptação e resiliência.
Artigo escrito por: Pricilla Braga Laskoski CRP 07/15030|RS
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Busco oferecer uma perspectiva única aos meus pacientes, que permita que olhem para suas vidas, carreiras e relacionamentos de forma diferente e, assim, possam identificar novas oportunidades. Minha experiência e treinamento em psicoterapia psicodinâmica ajudam a trazer clareza a situações complexas, a compaixão e o profissionalismo para desenvolver e manter relacionamentos de confiança e as habilidades para desenvolvermos juntos soluções eficazes. Construí uma formação sólida, com ampla experiência no atendimento dos mais variados transtornos mentais, dificuldades interpessoais e de ajustamento a novos contextos. Meu trabalho como pesquisadora de pós-doutorado me proporciona vivências internacionais e uma constante atualização em relação ao que há de mais efetivo dentre as técni
